sábado, 15 de novembro de 2014

Pressa?

      
      
       Não me venha com essa conversa de aproveitarmos ao máximo as oportunidades que surgem. De tentarmos ser felizes e nos agarramos às chances surgidas, simplesmente porque a vida está passando rápido e temos que correr contra o tempo para sermos felizes.
       
       Não, não é por aí. Se eu tiver que viver segurando um cronômetro, eu simplesmente paro. Porque as oportunidades surgidas, bem como as chances de aproveitarmos o tempo não podem ter um prazo definido.
 
       Para mim o amor tem de ser vivido após um planejamento para ser eterno. Quero aproveitar as oportunidades assim como viver um amor já pensando em mais e mais.
Eu não vejo o durante como uma justificativa para o que pode ser um fim.
 
       Não. O meu orgasmo eu começo a sentir quando você se permite sustentar o meu olhar. E não será ninguém mais, além
de você, que renascerá em cada minuto que vivermos juntos sem a preocupação de saber em que estágio o tempo resolveu se colocar..."

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Resignação



Às vezes eu me empolgo e tento dividir coisas que se mostram importantes apenas para mim. Valores nobilitantes não se sustentam na necessidade de esquecer o passado, o que nos proporciona um pouco de tranquilidade e condições para vivermos de forma construtiva e digna. Chega um momento da vida em que ter um cachorrinho pra ser seu amigo já é uma dádiva. Mas nem sempre você pode ter. E você se resigna.


Que malditas essas correntes que nos impedem de ser feliz, fétida masmorra onde são jogadas migalhas de felicidade. O vento varre a alameda cheia de nada e você  vê surgir a prostituta, velha e triste, que sem levantar os olhos segura o vestido para não subir com o vento. A condição nesse momento te leva a lona e você se questiona pelo que há dentro de nós. Um cão que lhe mostra os dentes e você insiste em afagar. A partir daí não importa a falta de importância que tudo isso terá para as pessoas uma vez que você está certo de que alguém não desprezou o que ficou subentendido.

 

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Os Carros do Caco


 

                             Os Carros do Caco

       Ainda pré adolescente ele foi manchete de um jornal sensacionalista da região devido a um acidente de carro. O Diário trouxe estampado na primeira página a reportagem que contava como um menino de doze anos pegou, escondido, o carro do pai e foi dar uma volta na praia que ficava próxima da sua casa.

       O menino iniciou a descida pela rua que dava acesso à avenida que contornava a praia e perdendo o controle do carro que parecia não ter freios, foi pegando cada vez mais velocidade indo parar, literalmente, nas areias da praia. Isso depois de uma capotada que ultrapassou a restinga, como se ela não existisse. Saiu do carro sem um arranhão e voltou correndo pra casa, assustado, mas sem fugir da responsabilidade pediu a ajuda dos irmãos para resgatar o veículo.

       Com dezesseis anos o menino continuava com pressa e convidou a amiguinha de quinze para ser a sua mulher. Iriam ficar juntos por vinte e oito anos.

       Com dezoito já comandava barcos de pesca industrial com excelente performance e tinha dois filhos. Um deles lhe daria uma netinha que herdaria os seus olhos.

       A sua relação com carros era algo curioso. Perdeu vários por acidentes no trânsito, teve um recém comprado que explodiu na frente de casa tão logo ele havia saído, no entanto sem condições de fazer qualquer coisa que pudesse evitar a perda total.

     


      
 Conseguiu adquirir um carro novo, que para enaltecer sua relação vale o registro da placa: XXX 2503. E como tudo na sua vida aconteceu rápido, a sua vida aqui também passou muito rápido quando o seu coração parou de bater enquanto ele dormia na noite de 25/03.